sexta-feira, 11 de julho de 2008

Mobilização religiosa inviabilizou aprovação

"Uma mobilização de natureza religiosa e eleitoral" e a colocação da matéria "em cima da hora e no final do semestre" foram as duas principais causas para a rejeição pela CCJ-CD dos projetos que descriminalizam o aborto, na opinião do deputado José Genoíno (PT-SP).

"Não quero que esse assunto (no futuro, na votação dos projetos pelo plenário da Câmara) seja tratado com essa carga preconceituosa", disse Genoíno, para quem, dadas as duas razões por ele apontadas, era previsível a rejeição das propostas.

Pesquisas feitas nos últimos 20 anos - como uma realizada recentemente em parceria pelas Universidades de Brasília (UnB) e Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - mostram que a maioria das mulheres que fazem aborto no Brasil tem entre 20 e 29 anos, um filho e são católicas. Uma em cada 15 brasileiras já se submeteu a aborto - o que representa 3,7 milhões de mulheres (mais de um milhão, indicam as pesquisas, só em 2005).

É muito mais assustador (por ser devastador), inclusive, o número de mulheres mortas em decorrência de interrupção da gravidez, feita por aborteiras. É por isso, por ter atingido essas proporções, que o aborto no Brasil é um problema de saúde pública mesmo.

A decisão da CCJ da Câmara, de vetar a descriminalização, mostra o atraso em que nos encontramos em certas questões no país. Nessa do aborto, por exemplo, até Portugal, um país que nos é muito próximo, mas que é tido como um dos mais conservadores da Europa, de maior influência religiosa e que só há pouco mais de 30 anos (1974, com a Revolução dos Cravos) se livrou de uma das ditaduras mais longas da História (a salazarista) já assumiu, em legislação, posição mais avançada que a nossa.

Fonte: http://www.zedirceu.com.br/index.php?option=com_content&task=blogsection&id=11&Itemid=37

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