terça-feira, 29 de abril de 2008

Universidade não é cursinho!

A notícia de que haverá um aumento de 400 mil vagas parece boa .
Porém o significado de um aumento de 12 alunos por professor para
18 é o que , dentre outros fatores, nos impõe a necessidade de discutir,
de forma franca, as conseqüências do Reuni para as universidades públicas.


Vários são os motivos para se adotar um posicionamento contrário ao Decreto
nº 6096. Porém vamos nos ater, nesta análise, ao aumento do número de a
lunos por professor, já que este é o tema trazido pelo fato noticiado em tom messiânico nesta terça feira, 29 de abril , no site da UFBA.

Sabemos que uma das principais demandas do movimento estudantil é o
aumento de vagas nas universidades públicas. Porém o que não podemos
tolerar é que esse aumento se faça sem garantir uma estrutura mínima
para receber esses novos estudantes. Basta uma rápida análise no Decreto
6096 pra entender:

Art. 3o - O Ministério da Educação destinará ao Programa recursos
financeiros, que serão reservados a cada universidade federal, na medida
da elaboração e apresentação dos respectivos planos de reestruturação,
a fim de suportar as despesas decorrentes das iniciativas propostas,
especialmente no que respeita a:

III - despesas de custeio e pessoal associadas à expansão das
atividades decorrentes do plano de reestruturação.

§ 1o O acréscimo de recursos referido no inciso III será limitado a vinte
por cento das despesas do custeio e pessoal da universidade, no período
de cinco anos de que trata o art. 1º,
§1 º.

O acréscimo de recursos relativos às despesas que vão "garantir" a
expansão das vagas é limitado a 20%, enquanto isso ocorrerá um aumento
de 33,3% de alunos.Aumenta-se 33,3% de alunos, mas só se aumenta 20%
das verbas? Se hoje em dia, já existem dificuldades para arcar com as
despesas relativas aos 12 alunos por professor, o que dizer quando
aumentar pra 18?

As implicações disto vão muito além do que a falta de cadeiras. No caso
da FDUFBA, por exemplo, onde há turmas com quase 70 pessoas por
professor, já é difícil garantir aulas que fujam da pura reprodução do
conhecimento, com o aumento fica sepultada de vez qualquer possibilidade
de transformar o estudante em agente ativo do seu próprio conhecimento.

Neste sentido, vale questionarmos o que acontecerá com a pesquisa e
extensão que hoje em dia já não andam muito bem das pernas. Como
conseguiremos tantos orientadores pra tanta gente?

A verborragia docente de todo dia agradece. Já o artigo 207 da
Constituição reclama: Universidade é Ensino,Pesquisa e Extensão!

Nós endossamos: E Universidade não é cursinho!



Segue a matéria:


Lula anuncia mais 400 mil
vagas nas universidades públicas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou ontem (28), em seu
programa de rádio “Café com o presidente”, a abertura de mais 400
mil vagas nas universidades públicas nos próximos quatro anos.

“Agora a implantação do Reuni [Programa de Apoio a Planos de
Reestruturação e Expansão] nas universidades federais e nas novas
que estamos criando, fazendo com que, ao invés de termos apenas 12
alunos por professor, vamos ter 18 alunos por professor, aumentando
nos próximos quatro anos aproximadamente mais 400 mil vagas nas
universidades brasileiras públicas para a juventude”, afirmou o presidente.
Lula disse ainda que o Programa Universidade para Todos (ProUni) já
inseriu cerca de 400 mil jovens no ensino superior.

Na entrevista, o presidente disse que o Brasil está devendo para os
jovens, porém, o país, ao longo de seu governo, vai conseguir corrigir
esse desvio de rumo. Esse tema está em discussão também na primeira
Conferência Nacional da Juventude. “Eu diria que o Estado brasileiro tem
uma dívida com a nossa juventude. A juventude precisa ser motivada. É
preciso que a gente crie oportunidades para que a juventude possa ter
perspectivas de vida ou no campo educacional ou no mercado de trabalho”,
afirmou. Para Lula, os jovens necessitam de atenção especial justamente
para evitar que saiam do trilho e acabem batendo numa porta errada. “Se
não tem escola para os jovens estudarem depois que terminam o ensino
fundamental e o segundo grau, não tem formação profissional e não tem
emprego. A juventude fica à mercê do narcotráfico, do crime organizado”,
alertou.

Lula observou que o país esqueceu seus jovens por muito tempo. “Nós
tivemos três décadas em que a economia brasileira não cresceu, não se
fez os investimentos necessários na área de educação, na área da
formação profissional”. De acordo com o presidente, é possível recuperar
o terreno perdido.

Ele falou também sobre os desafios que terá pela frente. “Ampliar o
acesso ao ensino e à permanência do jovem na escola. Ou seja, queremos
motivá-lo a continuar na escola. Gerar possibilidade de trabalho e
possibilidade de renda. Depois, estimular a compreensão e a conquista
da cidadania. E democratizar o acesso às coisas para a juventude: ao
esporte, lazer, cultura, tecnologia de informação.”

fonte: http://www.portal.ufba.br/ufbaempauta/2008/Abril4/terca29/quatrocentasmil


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